quarta-feira, 23 de março de 2011

TAÇA GUANABARA



Ela era paulishta, como ele gostava de dizer. E ele era o carioca mais lindo que ela já tinha visto no Rio, onde era impossível não ver muitos homens lindos. “E aí, paulishta, tá goshtoso?” ele perguntava enquanto ela devorava um pote de sorvete de lichia com água de coco. “Meu, super goztozo”, ela respondia, carregando no sotaque para provocar. Ele adorava a paulistanice dela. Todo fim de semana a mesma coisa: ela voava para o Rio sexta à tarde, ele saía mais cedo da loja, passava no Mil Frutas e comprava os sorvetes de sabores estranhos que ela gostava, encontravam-se em casa, trepavam rapidinho, só pra matar as saudades, ela tomava sorvete, saíam, emendavam a sexta no sábado até virar madrugada de domingo. Aí dormiam domingo a manhã inteira, depois trepavam longa, preguiçosa e deliciosamente. Cinco minutos para recuperar as forças e lá ia ele pra cozinha achar alguma coisa pra comer. Na volta ele trazia o sorvete dela. E passavam a tarde de domingo assim, vendo o campeonato carioca, tomando sorvete e trepando mais uma vezinha no intervalo ou no final do jogo. Por causa dele ela até aprendeu a gostar dos times do Rio, apesar de convencê-lo vez ou outra a assistir algum jogo paulista na tv a cabo.

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