terça-feira, 14 de abril de 2009

O poliglota que não gostava de cores e de repente descobriu o azul

O poliglota era um homem de palavras. Ele não era exatamente divertido. Mas escrevia bem e tinha essa facilidade para os idiomas. Falava português, inglês, espanhol, francês, italiano e alemão. E ainda queria aprender chinês, só porque agora é moda.

Essa facilidade com as palavras, independente do idioma, porém, fazia do poliglota um cara muito sério. Ele fazia sempre questão de falar certo e acabava não ligando muito para a aparência do restante das coisas. Do ponto de vista visual, o poliglota era um analfabeto. Só encontrava beleza nas palavras. As cores e as formas para ele não tinham tanto sentido ou importância.

Um dia, porém, pensando nas palavras deitado num gramado que ele nem tinha reparado que era verde, ele viu o céu azul. E pensou sobre o azul. Lembrou de como é a palavra azul nos vários idiomas que conhecia e na semelhança entre elas - azul, azul, blue, bleu. Achou fascinante.

Prestou mais atenção no céu e começou a perceber a diferença entre os tons de azul - bem no meio do céu era mais claro, perto do horizonte era mais escuro. Conforme a hora avançava e a tarde caía, o azul ia mudando. A mistura com as nuvens alaranjadas deixava aquele azul ainda mais intenso.

E assim ele ficou, até ver o azul da noite. E aí começou a pensar sobre a noite e o branco da lua.