sexta-feira, 5 de julho de 2019

tons de universo

no momento em que desejo movimentar as camadas de ar paralisantes que me levam à beira do abismo, atiro-me à gravidade dos fatos mas, na iminência da queda, a gravidade me ata ao solo, como se meus pés fossem raízes, e eu inteira árvore, dessas que dançam conforme o vento e ficam ainda mais poderosas sob os efeitos das tempestades.

meu desejo infantil pelo sol, se reflito, não é nada além de instinto de sobrevivência. o universo, porém, eu sei, é tão mais amplo, obscuro e apaixonante. reagir aos seus estímulos não precisa, sempre, de reflexão. não precisamos mais nadar contra a corrente o tempo todo.