quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A queda

Quando algo assim acontece e perdemos a medida, a consciência, a inocência, quando perdemos a coerência pela cegueira da negação da verdade, o que vem depois? Será que se repetirmos, repetirmos, repetirmos nossa crença como um mantra, será que assim conseguimos agir diferente? Será que assim descobrimos o que é agir certo? Então me digam, por favor, alguém me diga: por que essas linhas não são claras, visíveis, sólidas? Me digam, por favor, por que as fronteiras às vezes não se vêem? Por que as fronteiras não têm as cores e as linhas das bandeiras, onde podemos ver sem dúvida onde começa uma cor e termina a outra? Me digam: isso é punição? Somos punidos por tentarmos ser desmedidamente felizes? Quando uma tragédia acontece, sentimo-nos jogados ao chão... sem preparação, sem dignidade. E por mais que nos preparemos para cair, por mais que passemos a vida inteira sendo fortes e trabalhando nossas forças, quando uma tragédia acontece, o que sobra de nós? Que as quedas me machuquem mas me façam forte. E se uma delas tiver que me matar, que me mate humilde, fiel à verdade e ao amor tão imenso que sinto pelos que amo, inclusive aqueles que não puderem me amar de volta. Não quero a vaidade de poder dizer que estou certa. Tampouco a culpa inexorável à admissão de que estou errada. Quero a leveza da humildade para poder lidar com o peso da verdade de igual para igual. Quero cair preparada, porque as quedas são inevitáveis. E repito, sem me preocupar com o drama, quero apenas a dor ou a alegria da verdade e do amor. Sem isso, nada tem sentido.

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