terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O limite depois de tudo

Mesmo depois de tudo, ela não podia esquecer. Sua alma estava impregnada com ele. Mesmo sabendo de tudo, mesmo achando-se ridícula, patética, mesmo sentindo-se enjoada por todo seu mal jeito, mesmo assim ela não podia deixar de senti-lo. Mesmo que tentasse com outras bocas. Mesmo que se convencesse de que a estupidez não era sua, mesmo que se soubesse correta, inteira, mesmo que se sentisse uma mulher verdadeira e madura, mesmo assim, não era possível manter seu pensamento em algum lugar que não estivesse tomado por ele. Mesmo depois de tudo, sentia que seu coração só batia se ele existisse. E se não houvesse ele era como se seu coração ficasse sem bateria, inerte, morto, como um peixe que poderia ser lindo na água do mar, mas que era feio, sujo e nojento na areia da praia. Mesmo depois de tudo, sua vontade era a de dar a outra face. Mesmo depois de se saber derrotada, ela ainda queria brigar. Já era pelo prazer da dor. Mesmo depois de experimentar o amor, ela já não sabia mais o limite das coisas.

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