sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sexta afora

Era sexta-feira e o dia estava lindo. Pelo menos foi isso o que ele pensou quando olhou para fora, pela janela do carro, e algo incomodou seus olhos pretensamente protegidos pelos óculos escuros. Ele se sentia escuro. Era sexta e ele não gostava de usar roupas pretas neste dia. Havia ouvido de alguém que sexta era dia de todos os santos e o os santos não gostam de cores escuras. Mas a sexta dele, apesar de ensolarada lá fora, estava escura lá dentro. E ele não sabia exatamente o porquê. Sentia-se cansado. Exausto de perguntas, dúvidas pequenas, pequenas incertezas... sentia-se exausto da pequenez do mundo e das pessoas. Pensou na dezena de oportunidades que são despejadas diariamente na nossa frente e que desprezamos, sem prestar o mínimo de atenção. Pensou no futuro e em outras sextas-feiras possivelmente ensolaradas, mas não conseguiu ver nada. Pensou que um dia bonito às vezes é só um dia bonito. E nem importa que seja sexta-feira.

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