quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Better days

Ouvi esta canção e ela me fez pensar em você. Me fez pensar naquela história que ensaiamos escrever. Nos momentos aos pedaços, migalhinhas de felicidade que tivemos, valiosos se sabemos olhar para eles - como as pedrinhas preciosas que podem ser falsas ou verdadeiras. A canção me pareceu verdadeira. Me lembrou você porque fala justamente desses momentos preciosos, que a gente não enxerga direito porque fica misturado com o que acontece todo dia - então sem perceber acabamos achando que as coisas que acontecem todo dia são mais importantes que as tais migalhinhas, recolhidas na madrugada, num dia de bebedeira, numa foto banal, num apelido infantil, numa manhã de sábado meio sem querer... Tudo bem, não era exatamente disso que falava a canção. Ela me lembrou você porque falava de dias melhores. De encontrar as coisas certas, na hora certa, e esbarrar em diversas coisas erradas pelo caminho. A canção fala sobre errar. Fala de descer ao fundo do poço e achar que está baixo demais. E descobrir que é possível ficar ainda mais baixo que isso. E então fala dos dias melhores - que eles eventualmente chegam, mesmo que aos pedaços. Fala sobre não sermos inteiros até enxergarmos que nunca seremos inteiros - porque se você está completo, já rodou todas as estradas, viu todos os peixes, beijou todas as bocas... então o que te resta? A canção fala sobre quando nos sentimos parte de algo. E também sobre quando nos sentimos à parte de tudo. Os meus dias têm sido cada vez melhores e eu tenho buscado fazer parte das coisas que me fazem bem. O que posso dizer? Sempre me achei uma pessoa de sorte... E acho que me traz sorte compartilhar isso. Acho que me traz sorte enxergar que as coisas e as pessoas e as oportunidades me são quase sempre boas e quando elas não são, acho que tenho sorte em perceber que quase sempre elas são. A canção me lembrou você porque fala sobre tentar e falhar. E tentar mais. E insistir. Não nos erros. Mas no medo de errar mais e paralisar. No medo de sentir medo. De sabotar a possibilidade de fazer dar certo. De ir quando temos que ir. E ficar quando vale a pena. A canção me lembra você porque fala sobre ser livre - e sobre isso não ser uma estrada sem fim, mas justamente sobre poder seguir sem se preocupar com ele. Sobre aproveitar a companhia porque ela existe, sem ser obrigado à ela. Sobre abrir espaço para os dias melhores e o que pode vir com eles.

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