quinta-feira, 29 de abril de 2010

Verso inverso

Escrevo buscando um verso. Escrevo pensando no inverso. Escrevo no verso das coisas. Nos espacinhos do rodapé do jornal. Escrevo à mão. Escrevo para sentir. Escrevo para ver nascer palavras como se fossem estrelinhas. Aquelas apressadinhas que brilham assim que o sol vai embora descansar. Minhas palavras são mimadas, suadas, exigidas. São riscadas se não servem. Sou dura com as palavras, mas sensível a elas. Palavras formam os versos que são o inverso do que somos: coerentes, valentes, inteiros, precisos. Versos sem rima, sem métrica, sem melodia. Versos que morrem assim que lidos. Assim que nascem. Versos inversos.

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