terça-feira, 13 de abril de 2010

Cinderela

Adoro essa briga com o sono. Adoro quando ele vai me derrotando assim, aos pouquinhos, seduzindo meus sentidos, deixando lentos meus reflexos, confundindo meu raciocínio entregue, entregando-me aos sentidos, deixando tudo sem sentido. Adoro quando ele me rende e sabota minha memória recente. Adoro quando ele me reduz à gata borralheira e eu o mando às favas e volto pra casa descalça e à pé. Não preciso de carruagem. Não preciso de cama. Posso dormir no sofá. Brigo, resisto até onde posso, mas ele persiste e eu me entrego. E quando me entrego é pra valer. Me deixo ser pega pelos cabelos, me deixo ser carregada e tratada como princesa, porque lá no fundo, toda gata borralheira sabe também ser cinderela.

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