sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Cafeína, nicotina e insetos

Parou de fumar. Foi mais fácil do que tinha imaginado. Sentia-se agora mais disposto. De repente  cheiros e gostos lhe surpreendiam e aqueles momentos críticos de falta de cigarros começavam a desaparecer. Exceto pela hora do café. De manhã não tinha tanto problema, mas à tarde, depois do almoço, com aquele café preto e sem açúcar, o cigarro lhe ajudava a pensar melhor - era como um botão de pausa no dia; tudo ficava quieto enquanto acendia aquele cigarro, como se seus pensamentos tornassem-se balões, com forma, conteúdo, significado; um momento sem a necessidade de mais nada. Sem o cigarro pensava agora sobre essas bobagens enquanto contemplava, mal humorado, o café esfriando na xícara. E para compensar a falta de nicotina, de pausa e de conteúdo nos balões de pensamento, buscava alguma emoção assistindo o inseto suicida afogando-se no café já morto.

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