terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ridículo

O amor é uma coisa ridícula. Pense bem: a gente passa mal, se descabela, chora porque não tem, aí quando tem chora porque não quer mais... e passa mal e se descabela de novo. É como um porre de tequila - você sabe que vai dar naquela ressaca animal amanhã, mas continua bebendo só porque é tão bom... e no dia seguinte jura para todos os santos, orixás e entidades que nunca mais vai beber álcool na vida. Até a próxima. Claro, porque na próxima você vai lembrar, antes mesmo de tudo começar, como somos ridículos. Vai olhar de novo para aquela porta fechada e pequena e calcular - hmmm, será que eu passo ali? Preocupação estúpida se a porta ainda nem estiver aberta. Mas a gente se esquece desses detalhes. Aquela mera possibilidade de alguma coisa nova ali, um cheiro um pouco diferente no ar, uma brisa morna que sopra de repente e pronto - estamos de novo virando a página do calendário, mudando de estação. - E a gente se esquece também que nem todo verão é quente e úmido. Se esquece que tem um monte de coisas que a gente já sabe, mas outro monte de coisas que a gente não faz a menor ideia. E aí temos medo. E de repente não temos mais e tudo começa ficar tão divertido outra vez. As pecinhas do quebra-cabeças começam a aparecer e se encaixar uma na outra e a gente se surpreende de novo e esquece que as peças nasceram todas juntas e se separaram depois para que a brincadeira pudesse existir. Mas uma peça de quebra-cabeças nunca tem um encaixe só. E todo mundo sabe que os melhores quebra-cabeças têm mais de mil peças. Tem hora que a gente cansa de montar e se esquece - a gente vive se esquecendo - que não precisa montar tudo de uma vez. O segredo é achar a peça certa e enquanto isso ir divertindo-se com as erradas - divertindo-se com as tentativas de encaixar. Agora me diga: tem coisa mais ridícula que juntar pecinhas infames para montar uma imagem que você já sabe mais ou menos o que vai ser depois? Ou seja, tem coisa mais ridícula que montar quebra-cabeças? Agora me diga, só mais essa vez: tem coisa mais ridícula que o amor? E mesmo assim eu amo quebra-cabeças...

2 comentários:

  1. Mona, quanto mais leio seus textos, mas me sinto sua fâ ... quanto mais troco ideias contigo .. mas próxima de ti quero ficar ... e agora entao, acabei se me tornar sua seguidora ...
    Namaste amiga...
    bjs
    Selma

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  2. namastê, céu! q bom q vc curte os textos e principalmente a companhia. saiba que me sinto da mesma forma - quero estar sempre motherfucker junto! hehe. beijos

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