segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Não disse

Olha, eu tentei dizer. Ensaiei, escolhi as palavras, o vestido, o lado que o cabelo devia ficar, mostrando um pouco do pescoço, minhas saboneiras magras que não sei porque acho que te seriam atraentes... Pensei na cena toda. Em deixas para abordar o assunto. Queria dizer tudo com calma, com coerência, com sabedoria e alguma humildade firme - dessas que te fizesse sentir o tamanho da verdade que existe no que sinto e como sou pequena diante disso, mas que te provocasse também aquela dúvida, aquela ansiedade de estar diante de alguém maior que você, de estar diante de uma chance única na vida e querer agarrá-la sem nem questionar razão alguma. Eu tentei dizer e ser clara - não passa! Isso de você que carrego em mim não some. Tento matá-lo ou, pelo menos, ignorá-lo. Tento disfarçar e me distraio com outras propostas. Faço outras tentativas que eu mesma não levo tão à sério, mas me distraio, me divirto um pouquinho. E de repente me lembro assim, por um acaso, que tentei dizer... e não fui clara. Não disse pra valer. Não disse que ainda queria, que ainda preciso. Eu disse apenas o suficiente. E o suficiente não foi bom o bastante para dizer o que precisava. Talvez eu tenha dito apenas aquilo que você já sabia. Aquilo que você deduz, que intui. Mas de que me serve, se não diz o que você ignora por opção?

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