quarta-feira, 11 de agosto de 2010

(Des)Ilusão

Sonhava que estava loucamente feliz. Havia um vento morno, com cheiro de mar. E não eram todos tão cínicos, tão tristes, tão personagens do jornal na TV, de hits and runs, de coisas tão absurdas, tantas mentiras, tantas perdas. Era esse o mesmo lugar do vento morno com cheiro de mar? Era ali o carnaval? Era de lá que vinha seu DNA, sua história, sua música, sua alma? Onde estava afinal? Onde é que havia ido parar? Era falsa aquela sensação de amor adulto, de segurança infantil, de correr descalço na areia sem se machucar? Por que ninguém mais sonhava? Por que insistiam que era melhor ir, que os destinos eram tão pequenos e estreitos que não comportavam mais do que uma pessoa só? E olhava em volta e via tudo tão vazio, todos tão longe... Via a tristeza como quem via o céu sobre o mar. E ela enchia o céu de um azul tão misturado, cinzento, tão frio, tão intenso e denso. A tristeza e suas cores às vezes pintam um quadro feio e assustador. Fica tudo tão escuro... os olhos se acostumam, pesam, cansam-se e estranham aquele sonho do começo, com a brisa morna com cheiro de mar e as estranhas cores do céu triste. As cores da desilusão. Era um sonho. Mas acordou chorando de verdade.

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