segunda-feira, 26 de julho de 2010

Diferenças verdadeiras

Ele seguia o Obama. Ela, o Dalai Lama. Ele usava gravata roxa. Ela tinha uma mecha roxa no cabelo. Ele gostava de história medieval e ela tinha um dragão tatuado no ombro. A ponta da asa do seu dragão, de escamas bem marcadas em vermelho e preto, cruzava o côncavo da saboneteira e subia-lhe discretamente até a curvinha do pescoço. Aquilo provocava uma reação estranha nele. Sentia um formigamento nos joelhos e as mãos suadas. Não estava certo do que sentia, mas toda vez que a via, algo nele queria sorrir. Ela notava, mesmo que ele tentasse esconder. Ela notava também as semelhanças que tinham, inclusive o fato de que ele via apenas as diferenças. Então ela resolveu falar de um assunto que ambos entendiam e apreciavam da mesma maneira: a verdade.

2 comentários:

  1. Mesmo dizendo a verdade hoje em dia, muitos não acreditam. Está tudo raso demais. Mas eu ainda acredito na verdade das pessoas, sou irreparável.

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  2. a verdade é inegociável. e uma hora sempre aparece, não tem jeito. qdo preferimos a mentira, acabamos escravos dela. nesse sentido, também me considero irreparável: prefiro sempre acreditar na verdade das pessoas.

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