sexta-feira, 27 de julho de 2012

Um ano depois


Fazia um ano. Conheceram-se naquela viagem. Estavam sós. Coisa rara, gente viajando só. Mas gostavam e falaram à respeito; havia valor nas viagens solitárias, nas coisas que enxergavam com mais atenção porque viam sem ter ninguém por perto para dividir. Viajando só, ponderaram, estavam sujeitos a coisas nunca imaginadas, e a prova era essa: conheceram-se lá. Estranharam-se, na verdade, quase como se não quisessem se encontrar. Não buscavam nada, mas como ficar indiferente a um momento daqueles, com cenário perfeito, temperatura alta, céu limpo, azul de dia e quarado de estrelas à noite, a lua começando a sorrir, maliciosa? Encontrarem-se daquele jeito não parecia real, parecia uma história em quadrinhos, tudo desenhado com naquim e pintado com aquarela; um parêntesis no tempo e espaço; um conto curto e feroz, como um soco no queixo. Um ano depois ainda era difícil acreditar que tinha realmente acontecido.

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