terça-feira, 31 de julho de 2012

CAETANEANDO

Como uma maldição, agora, toda vez que ouvia Caetano, lembrava dele e ria. Foram casados por mais de dez anos. Tinham muitas coisas em comum: discos, livros, filmes… Em outras não combinavam, como qualquer casal. Uma delas era Caetano. Ele não suportava. Ela tinha todos os discos. Nem era mais comum hoje em dia alguém ter LPs, mas ambos tinham, muitos, o que deixou tudo bem difícil na hora de separar. Avaliar de quem eram os livros do Nick Hornby, de quem eram alguns quadrinhos, alguns CDs… talvez essa fosse a coisa mais triste da separação: deixar para trás coisas que você não tem bem certeza se deveria levar com você, não pelo valor, mas pela história, mérito ou circunstância. Numa tentativa de deixar o ar mais leve ele fez uma piada enquanto ela olhava indecisa para estante dos discos: “Os do Caetano você pode levar todos, tá?”

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