quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mulher impossível

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--> Todos os dias ele sonhava com uma mulher sem rosto. Não sabia dizer se era loura, se era nova, se era velha, se era bonita. Mas sonhava com ela e às vezes passava o dia com ela na cabeça. Buscava-a em outras mulheres. Tentava transportar para o mundo real aquela sensação boa e desafiadora que os sonhos lhe traziam na companhia daquela estranha que, de tão constante, começava a parecer familiar e até necessária. Desconectava-se, sem se dar conta, das mulheres que orbitavam sua vida e disputavam sua atenção. Nenhuma era páreo ou merecia mais seu tempo do que aquela que ocupava de maneira tão surreal seus sentidos, mesmo que imaginários. Isso durou um tempo. Muito tempo talvez. Fez-se impossível de tolerar. Ninguém mais entendia. Suas companhias, suas possibilidades, suas chances de ser feliz como par de alguém de verdade… ninguém compreendia. Elas falavam e ele não ouvia. Ele falava e não dizia coisa que lhes parecesse coisa com coisa; logo, elas não entendiam. E ele, então, seguia sonhando. Sonhar era mais fácil do que encarar as mulheres reais.

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