terça-feira, 29 de maio de 2012

O que dura enquanto o tempo passa


Como tudo o que não é feito para durar, o tempo passa; faz, desfaz e seguimos mudando, já que não somos de pedra.
Como tudo o que não é feito para durar, os sonhos acabam, as histórias acabam, pessoas e, mesmo lugares, deixam de existir; ou de importar, o que dá quase no mesmo.
Como tudo o que não é feito para durar, somos perecíveis, todos nós, mesmo que uns um pouco mais que outros.
Vivemos como se fôssemos imortais, mas convivemos diariamente com pessoas, bichos, plantas… seres que morrem, que acabam, que não foram feitos para durar.
Quanto tempo é tempo demais? Viver é bom. É dose única – embora precise de várias doses para equilibrar o corpo que é fraco, máquina difícil de cuidar. Viver é caro, é raro. Há muita gente que apenas existe, sub-existe. Há gente que se mata para sobreviver. Há quem consiga. Há quem apenas mate e nunca conseguimos entender direito o porquê. Somos todos perecíveis, apenas uns um pouco mais que os outros.
Como tudo o que não é feito para durar, as viagens terminam, os ciclos se encerram, as estações se confundem na atmosfera alterada, mas ainda assim, o outono se funde no inverno e só assim acontecem também a primavera e o verão. Nos repetimos, mas as coisas nunca são iguais e há um motivo que explique isso e também a inversão das estações no outro hemisfério.
As distâncias duram. As dores duram. As faltas duram. As lembranças duram para sempre – seja o sempre a duração breve ou longeva de uma memória.
Há coisas que duram, mas eventualmente elas também mudam. Distâncias diminuem, dores passam, faltas são absorvidas pela vida que flui; há lembranças que sem querer esquecemos. Há que se esquecer. E deixar que o tempo passe e que as coisas durem o tempo que precisarem durar.

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