segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

31 histórias sobre o fim (ou 21, caso o mundo acabe) #10

Reflexões diárias sobre o fim do ano, o fim do mundo, o fim das histórias e o início de outras coisas em histórias ilustradas.

 

 

#10 - Segunda sem fim

 

Na infinidade de dias que se sucedem semanalmente, não há um primeiro à frente da segunda. O domingo não conta, já que tudo de um modo geral funciona a partir da segunda.
Então pulamos o primeiro dia como se ele fosse um prêmio e reiniciamos o cronômetro semanal em segunda – uma partida desajeitada, em marcha mais lenta do que pede o trânsito do mundo.
Na infinidade das segundas que se sucedem, existem segundas chances, segundas intenções, segunda classe e segundas opiniões – todas elas iniciando um ciclo à revelia da primeira possibilidade.
São as segundas que dão sequência aos ciclos. O ciclo semanal que tem a lua, por exemplo, começa na segunda – por isso Luns (em galego) ou Lunes (em espanhol) são sinônimos de segunda-feira, dia dedicado à lua.
Na infinidade de ciclos que se sucedem e compõe as segundas, existem também os segundos – espaço de tempo curtíssimo, cada um correspondendo à sexagésima parte do minuto ou ao ordinal correspondente a dois.
Nas infinidades relacionadas a dois, aos segundos, às segundas, aos pares, à etimologia das palavras de duplo sentido, aos seus sentidos, lógica, contagem, sequências… para tudo há uma ordem que mantém as coisas funcionando de maneira binária. Ou seja, partimos do zero e do um, mas estamos tratando de dois, pois só assim as coisas começam a funcionar.
Segundas são complexas… e na infinidade de coisas complexas que se sucedem, as segundas têm esse poder de parecerem infinitas só porque começam assim, com uma infinidade de significados indiretos, quase insignificantes, excessivos, inerentes à nossa própria existência e, por consequência, ao nosso próprio fim.

 

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