segunda-feira, 9 de abril de 2012

sem sentido


A gente se expõe.
Se mostra diante do que é.
Se despe, se mostra.
Ousa ser quem não é.
Se mune da coragem que é alheia.
Se esquece que é difícil.
Que viver é difícil.
Que escrever é difícil.
Que a gente escreve errado.
Que se atropela, que tem que voltar atrás.
Que tem que revisar, rever.
Reconhecer que escreveu errado.
Que o cérebro e as vontades
São coisas desiguais.
Que não há corretor automático,
Alguém sempre ali
Pra te proteger e consertar
Teus erros, tuas vontades
Teus desejos, tão diversos
Tão irreais, tão surreais,
De coisas que nem todos sabem
Que nem todos conhecem
Que são difíceis
Não pense você, que são fáceis,
Que são hábeis, que se completam sozinhas.
Erros, meu bem, eu bem sei.
A gente comete, a gente ousa.
E quanto mais errado melhor.
Quanto mais ousado, mais parece certo,
Mesmo estando errado. Mesmo havendo dúvida.
Uma vírgula ou um ponto final?
E ambos levam à interrogação, veja você,
Sem nenhum ponto ou sinal que encerre a questão.
Amo a língua portuguesa, ou escrita, os idiomas,
Porque expressam qualquer coisa que se sinta.
Ainda que não se sinta bem, ainda que se sinta incerto.
Ainda que não se queira sentir nada.
Que importância tem?
A dor de se sentir livre, liberto,
Talvez não seja uma coisa tão comum,
Por isso é supervalorizada.
Conceitos?  Como bundas.
Gosto daquilo que gosto.
Uma pena só gostar do que é difícil.
Uma pena só achar que melhor é aquilo.
Que não sabemos o que é,
E que na hora faz sentido.
Enquanto isso, sinto.
Sinto muito. Sinto demais. Sinto sem sentido.

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