domingo, 8 de janeiro de 2012

VENTO QUE NÃO SE PARA, TEMPO QUE NÃO SE CONJUGA

num tempo perfeito,
o que passou, passou.

no mais-que-perfeito,
apenas passara.

no imperfeito (concluído tão imperfeitamente),
o que passava, apenas passava.

no presente, ele passa.
no futuro, passará.
e no inofensivo futuro-do-pretérito, apenas passaria.

o tempo independe de verbo ou vontade.
como nós, pode ser perfeito ou imperfeito.

é preciso, matemático e milimétrico. passa quando tem que passar.
é infinito sem ser inesgotável porque, em sua essência, deve bastar.

imprime seu ritmo como se fôssemos impermeáveis e imortais,
como se não houvesse prazo para funcionar, acertar, avançar, viver.

o tempo não se para, não se pausa, não se volta - é como o vento,
que não se vê com os olhos nem se conjuga como verbo.

ele se impõe, ensina, transforma. pode ser gentil ou terrível.
sem mudar sua essência, muda tudo de lugar apenas porque passa.

e quando passa, você sabe, sabia ou apenas saberia.
se não soube nem soubera, no tempo certo, saberá.

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