segunda-feira, 26 de março de 2012

QUANDO OS MORTOS TÊM FOME



É madrugada. Um poste de luz ilumina a porta amarelada de uma casa. Um gordinho com cara de sono está saindo pela porta. Sua camiseta listrada é menor que seu tamanho e o gordinho parece muito infeliz.

Ele pega uma caixa de frutas e anda até sua pequena caminhonete velha. Coloca a caixa de frutas junto a outras caixas na caçamba, entra na caminhonete que tem latas de cerveja e maços de cigarros vazios espalhados pelo chão, bate a porta da caminhonete, liga o carro, liga o rádio, acende um cigarro e sai dirigindo pela cidade que começa a clarear com o dia chegando.

Em outro lugar da cidade, na penumbra da alvorada vemos um lugar muito quieto, com árvores e estátuas. É um cemitério [Vila Mariana] e vemos os túmulos bonitos ficando visíveis com o amanhecer. De repente uma mão surge da terra, em outro lugar um túmulo tem sua tampa empurrada e um zumbi sai de dentro dele. Outros zumbis saem de seus túmulos e eles começam a marchar juntos.

Descendo uma avenida da Vila Mariana, o gordinho está tentando sintonizar uma rádio que preste, seus olhos estão sonolentos e tristes, ele passa por uma rádio que toca Ray Charles, mas não é o que ele quer ouvir. Enquanto o gordo está tragando o cigarro e mexendo no rádio, os zumbis pulam o muro do cemitério, invadem a rua e atacam o carro do gordinho. Arrancam o cara de dentro do carro pela janela. Enquanto o gordo é puxado pelos cabelos, um zumbi pega o seu cigarro, o outro arranca sua cabeça, sangue por todos os lados, os zumbis invadem o carro, sobem na caçamba, disputam espaço com as caixas de frutas e saem com o carro cantando os pneus.

Um zumbi sintoniza o som e uma música [highway to hell] começa a tocar muito alta. Eles descem desgovernados e rápidos pelas ladeiras da cidade [cemitério da vila mariana para o museu do Ipiranga]. Os zumbis estão bebendo, fumando, falando, a música está alta e eles estão sedentos de alguma coisa que não sabemos o que é. Vemos em seus olhos a sede... sede de quê?

Em alta velocidade pelas ruas ficando iluminadas pelo sol que surge na cidade, os zumbis avistam uma turma de skatistas descendo uma ladeira. É aquilo que eles querem, podemos ver em seus olhos... é aquilo que eles querem... a busca acabou.

Os zumbis invadem a rua, tomam os skates, saem dropando, fazendo manobras e descendo  ladeiras. Era de skate que os zumbis sentiam falta. Eles queriam liberdade, queriam velocidade, queriam aquele vento no rosto, nos cabelos, nos pedaços de crânio, ossos e tripas.

As ruas vão ficando cheias de criaturas bizarras enquanto os zumbis skatistas estão matando sua sede. Parece o cenário de um quadro do Bosh. Há até cães e gatos zumbis uivando pela noite que foi embora e o dia que já arde acordando a cidade. A coruja, numa árvore do bosque do museu, pia e arregala ainda mais os olhos de medo. A noite é de skate. A noite é dos zumbis. A noite virou dia e ele tem cheiro de morte.

2 comentários:

  1. muito bem colocado...mas com algumas modificações futuras,sem problema

    o mais dificil sera conseguei uma atris coruja, que trabalhe de graça

    obrigado Monaliza

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  2. hehe, vamos mudar tudo o que precisar! conheço algumas corujas, posso falar com elas ;o)

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