domingo, 11 de dezembro de 2011

livres padrões

testes de letras
caracteres
linhas
espaçamentos para formatar
este documento,
que, embora seja apenas um modelo,
poderia também ser um poema.
ainda que bobo e quase infantil,
ao admitir isso poderia também soar piegas, óbvio, ridículo, cheio de adjetivos, superlativos, substantivos…
e tantas outras coisas, que o bom é poder ser livre.
escrever pouco,
muito
muito muito
muito muito muito muito
muito muito muito muito muito muito
muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito
muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito
muito muito muito muito muito muito
muito muito muito muito muito muito
pouco
e isso ser irritante,
um instante de delírio
delírios meus,
seus
se você está aí,
a se importar com o que escrevo,
com o que digo, com o que sinto,
com o que sente ou entende, ou duvida, ou questiona
ou só gosta porque, embora não faça sentido,
faz algum sentido pra mim
e talvez pra você
porque às vezes dá medo tudo ser tão irremediavelmente real,
real demais até para fazer sentido,
e fazer coisas sem sentido não tem sentido.
então tanto faz,
isso ser um poema,
um teste,
uma carta,
apenas um documento modelo,
no qual vou escrever
porque minha máquina de escrever nunca foi minha
porque me desapegar de coisas, lugares, estilos, vícios, virtudes, vontades, ansiedades, sonhos, delírios, sonhos hedonistas e fantasias reais,
sou um pouco de tudo o que me dão,
e devolvo em letrinhas, em palavrinhas,
alguns palavrões,
há dor, há raiva, há incompreensão e inconformidades,
mas há o amor da liberdade
e não há libertação maior que a verdade,
escrita num poema
ou apenas num modelo de formatação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário