terça-feira, 24 de julho de 2018

A grande escapada

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Tudo isso que eu queria te dizer
Existem palavras para isso?
Missspelling datilografado, grafado com dor
Como posso apagar, corrigir?
Há erros que não têm conserto
Riscos que corremos, sentenças inteiras rasuradas
Coisas pesadas e frágeis, esculturas de vidro, esmeraldas
Pepitas de ouro impossíveis de carregar nos bolsos
Há lastros valiosíssimos, mas eles nos levam para o fundo
É preciso ser leve para continuar a nadar
Me desculpe ser um peixe de sangue frio e sem memória
Teu aquário partido há muito está seco e esquecido
Não nos serve mais

O passado ficou aos cacos
Com o tempo os fragmentos ficam menores
E uma hora hão de desaparecer
Até lá, o exercício é desculpar e esquecer
É preciso encontrar novas correntes e seguir
Nadar contra ou a favor, mas seguir, sobreviver

Desde então eu navego a esmo
Para onde o tempo parece mais favorável
Nem sempre a direção é confortável
Tampouco segura, mas viver tem dessas
Grandes ondas inevitáveis de emoções
Apenas jamais deixar de navegar

O destino se apresenta aos marinheiros
Tolos, loucos, livres e sós

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