Ela colocou
no papel todas as lágrimas que tinha vontade de chorar. A dor é de quem sente.
E sua dor era infantil, era uma vontade negada, era uma luta da sua consciência
lúcida contra suas emoções. Era uma luta inglória e doía. Ela só podia chorar.
Era mais um
dia de inverno quente e tempo instável. De repente um vento inesperado tira
tudo do lugar. Ele pensava nisso enquanto vinha caminhando só pela rua. Tinha uma
lata de spray na mão e coisas confusas no peito. Queria gritar, mas não sabia o
que dizer. Quando aquele papel veio voando até ele foi difícil acreditar no que
estava acontecendo. Ele estava diante de um muro, tinha uma lata de spray e uma
frase, vinda num papel voando com a mudança do tempo. Ele pichou o muro.
Com o
barulho da ventania, ela correu para fechar a janela, quase pisou no gato que miou
por precaução, viu que sua folha de papel cheia de dor e lágrimas tinha voado com
o vento. Pra onde? Ela correu escadaria abaixo para descobrir – podia aquilo levá-la
a algum lugar? Quando chegou na rua, viu no muro em letras grandes e tensas “A
DOR É DE QUEM SENTE”.
Ele a viu
diante do muro. Ela olhou para trás e viu que ele sorria. Ela sorriu também.
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