E os dias sucediam-se, um após o outro, como era de se esperar. Esperavam
notícias. Notícias que não chegavam. Experimentavam o sabor do pânico subir à
boca como refluxo, reflexo do corpo temendo o pior. E não era atávico temer? Como
conviver com o medo diário de não haver novidade? Como viver todo dia sem saber
se o dia seguinte seria cruelmente igual ou brutalmente diferente? Eram cúmplices,
mas tinham a vida suspensa e ter que conviver com isso era também reavaliar a
vida que tinham antes – era possível retomar o que tinham, o que eram antes de
tudo acontecer? Sabiam que não. As notícias eventualmente chegariam e eles
teriam que lidar com elas. Teriam que escrever uma nova história.
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