Há tempos não se viam. Esbarraram-se por acaso e resolveram parar para uma
bebida, já que tinham tempo. Era raro terem tempo. Conversaram a noite toda,
discutiram com tapas na mesa assuntos muito mais filosóficos do que fatos
atuais de suas vidas. A velha parceria que tinham, gravada numa memória pouco
usada, mas rígida, válida, permanecia lá. E dar risada junto era como voltar a
andar de bicicleta. Com o bar já subindo as cadeiras, o garçom
bocejando enquanto trazia a conta, despediram-se num abraço apertado que durou tanto que
ninguém poderia dizer quanto. Não havia motivo para nostalgia. Todo dia
despediam-se de algo ou alguém. Assim era a vida deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário