Ela ouviu
todas as ofensas quieta. Prestou atenção em cada palavra que saía da boca dele
devagar, como se fossem bofetadas em câmera lenta. Ouviu tudo com muita atenção.
Não ousou discordar, defender-se, explicar aquilo que sabia, não adiantava mais.
Há coisas que são assim – verdades que só os outros enxergam e a gente não vê; versões
das mesmas coisas que deixam de ser suspeitas e passam a ser acusações, sejam
elas verdadeiras ou não; erros que cometemos e, sem alternativa, seguimos em
frente pois é preciso se perdoar para seguir em frente – nem todo mundo, porém,
está preparado ou disposto a perdoar, esquecer ou seguir em frente da mesma
maneira… Isso ela já sabia. Quando ele terminou de falar ela se desculpou. Disse
“me desculpe” uma única e última vez. Depois foi embora viver a vida sem ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário