A lâmpada
do banheiro estava queimada. Ele já havia se oferecido para trocar um cem
número de vezes, mas a casa era dela e ele não achava certo trocá-la sem sua
permissão. E ela nunca permitia… dizia que havia se acostumado, que sua casa
era tão iluminada e como só ela usava aquele banheiro, deixava a porta sempre
aberta – os visitantes usavam o lavabo e ela nunca tinha hóspedes.
Fazia
sentido, ele pensava. Mesmo assim lhe parecia estranho ter que usar o lavabo se
não quisesse ir ao banheiro no escuro ou com a porta aberta.
Ela era uma
pessoa estranha. Saíam há cerca de três meses, mas tinham uma atração louca um
pelo outro, então não conseguiam maneirar. Viam-se quase todos os dias, sempre
na casa dela, e, três meses e pouco depois, continuavam no mesmo ritmo intenso.
E ele jamais tinha tido um envolvimento assim, do tipo avassalador. Gostava da
sensação, porém notava-se chegando perto daquele momento inevitável de estragar
tudo. Pegava-se observando as coisas, os hábitos, as pequenas imperfeições da
garota; essas coisas que a gente só observa muito de perto. E lembrava-se, no
escuro, que de perto ninguém é muito normal.
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