Antes haviam sido meninos. Não eram mais. Antes não tinham
nada, não tinham medo de nada. Agora têm. Têm medo de dizer algumas coisas. E
mais ainda, talvez, de escrevê-las, expô-las, confrontá-las, ouví-las, colocar ou excluir os acentos errados. Ou errar nos tempos e nos plurais. Têm medo de andar
de bicicleta. E de atravessar a rua fora da faixa, de andar na rua, de andar de
carro, de andar. Têm medo de amar e parecerem idiotas. Têm medo de serem
idiotas por isso. Têm medo do mundo muito chato ou muito duro. Têm medo da
chuva, do frio e do inverno. Têm medo de muito azar e mais ainda de muita sorte
se não souberem o que fazer com ela. Têm medo de ser feliz. Meu deus, como é
que de repente a gente fica assim, com medo dessas coisas estúpidas?
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