Reflexões diárias sobre o fim do ano, o fim do mundo, o fim das histórias e o início de outras coisas em histórias ilustradas.
#10 - Segunda sem fim
Na
infinidade de dias que se sucedem semanalmente, não há um primeiro à frente da
segunda. O domingo não conta, já que tudo de um modo geral funciona a partir da
segunda.
Então
pulamos o primeiro dia como se ele fosse um prêmio e reiniciamos o cronômetro
semanal em segunda – uma partida desajeitada, em marcha mais lenta do que pede
o trânsito do mundo.
Na
infinidade das segundas que se sucedem, existem segundas chances, segundas
intenções, segunda classe e segundas opiniões – todas elas iniciando um ciclo à
revelia da primeira possibilidade.
São as
segundas que dão sequência aos ciclos. O ciclo semanal que tem a lua, por
exemplo, começa na segunda – por isso Luns (em galego) ou Lunes (em espanhol)
são sinônimos de segunda-feira, dia dedicado à lua.
Na
infinidade de ciclos que se sucedem e compõe as segundas, existem também os
segundos – espaço de tempo curtíssimo, cada um correspondendo à sexagésima
parte do minuto ou ao ordinal correspondente a dois.
Nas
infinidades relacionadas a dois, aos segundos, às segundas, aos pares, à
etimologia das palavras de duplo sentido, aos seus sentidos, lógica, contagem,
sequências… para tudo há uma ordem que mantém as coisas funcionando de maneira
binária. Ou seja, partimos do zero e do um, mas estamos tratando de dois, pois
só assim as coisas começam a funcionar.
Segundas
são complexas… e na infinidade de coisas complexas que se sucedem, as segundas
têm esse poder de parecerem infinitas só porque começam assim, com uma
infinidade de significados indiretos, quase insignificantes, excessivos,
inerentes à nossa própria existência e, por consequência, ao nosso próprio fim.
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