Os hibiscos resolveram florir, me fizeram
sorrir hoje quando abri a janela. Pensei em você quando olhei para eles,
pensei se já estavam ali no outro dia, enquanto você acendia o seu cigarro no
outro canto da cidade, como eles disseram.
Parece que as plantas que moram aqui resolveram me dizer que mesmo que seja outono e mesmo que eu tenha minhas folhas amarelas caindo e morrendo, elas não se importam. Elas querem brincar de primavera.
Outro dia foi a roseira, florindo pela
segunda vez com duas rosas branquinhas e pequeninas, com as bordas rosadas. Eu,
que não esperava que ela florisse assim tão rapidamente de novo, achei curioso e
infantil repetir meu próprio espanto ao ver como é breve a vida de
algumas flores... nascem num dia e no outro já estão queimadas pelo excesso de
sol, despetaladas pelo excesso de vento, murchinhas pela falta ou excesso de
chuva.
Talvez se a rosinha tivesse esperado um
pouco mais e resolvido florir agora junto com os hibiscos, talvez tivesse
durado mais. Mas como saber o tempo certo das coisas? Em pleno outono os
hibiscos resolveram aparecer; aparentemente no dia certo: tomaram sol logo
cedo, mas antes de esquentar o dia ficou nublado e ameno, faz algum calor na
rua, aquele tipo que precede uma chuvinha ou garoa no final da tarde. Na verdade
é mais um dia incerto, mas para os hibiscos está funcionando.
Eles me fizeram sorrir. Me fizeram lembrar
que há flores no outono, que a renovação acontece o tempo todo, que nunca vai
passar, que nunca vai ficar igual, que nunca é muito tempo e que todo o tempo
que houver nesta vida a gente deveria usar para sorrir mais.
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