quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pouco importa

O relógio ainda não virou o dia. Em algum lugar (ou muitos!) do mundo, hoje ainda é dia 30. E embora isso pareça estimulante, eu, na verdade, não tenho nada pra comemorar. Não vejo muita diferença do que foi ontem e do que será amanhã. Mas no fundo eu sei que as coisas são assim mesmo mesmo. Não basta comemorar. Não basta ter um motivo. Há que se ter vontade. Há que se gostar de algo ou alguém ou um detalhe, por mais ínfimo, insolente, insignificante que ele pareça. Há momentos só seus. De mais ninguém. Então pouco importa se já é dia primeiro, pois em algum lugar ainda é dia 30 e é esse dia que me importa. Por que? Pouco importa.

Recado

Oi. Acho que você anda ocupado, né? Achei melhor então deixar esta mensagem. Você deixou uma camisa aqui na minha casa. Precisa vir buscar. É uma camisa azul, de um algodão fininho, lembra? Aquela que eu pegava emprestada de vez em quando, quando dormia na sua casa. Gostava tanto que um dia você veio com ela aqui e eu não deixei mais ir embora. Mas agora, talvez, seja melhor ela ir. Talvez seja melhor você ir. Eu ainda uso de vez em quando, enquanto você não vem pegar. Mas acho que ela está pronta. Pode vir buscar.

Saudade de uma nota só

Saudade é um sentimento esquisito como o jazz. Registra a ingratidão numa foto. Transforma Luisa, apenas uma moça bonita, em ninfa, deusa, musa inspiradora do que todas as mulheres adorariam ser para serem cantadas assim. Saudade é assim, desmedida, descabida, desentendida de qualquer norma, vontade ou controle. É vontade e só. E ainda que a gente saiba que ninguém morre por causa disso, todo mundo que morre de vontade de algo sabe que morre um pouquinho quando apenas passa vontade. A mim, parece ser como o jazz: todo mundo sabe que é a ordem do caos, mas quem ama esse caos não apenas o entende como não vê graça em nada mais simples do que essa vontade de mais uma nota.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Amanhã

Amanhã te encontro e nem lembro que a noite foi longa. O tempo, gentil, dá espaço a tudo que pede passagem: pessoas, lugares, loucuras. Amanhã te vejo e já passou tanto tempo. E já não somos os mesmos. Mas há algo que existe. E não entender o que é alimenta minha loucura de te ter e não te saber. Desistir de desistir. Deixar passar o tempo. Tentar e não esquecer. Mudar de ideia todo dia. E sempre achar que o fim vai ser aquele. Óbvio, lindo. Amanhã, talvez. Ou no tempo certo.

Pela metade

Dias inteiros. Luas inteiras. Praias inteiras. Torcidas inteiras. Peixes inteiros. Caminhos inteiros, sem fim. Eu, sem mim, pela metade.

Ovo mollet

Cismava com as coisas. Com lugares, pessoas, comidas, canções. Quando gostava muito, queria consumir em doses cavalares. Quase um vício. Ouvia algumas músicas e alguns discos à exaustão. Mas agora tinha uma nova paixão: um ovinho grosseiramente empanado, com a gema proibidamente (por lei!) mole, sobre cogumelos luxuriosamente temperados de um jeito que lhe custava esquecer o gosto. E não esquecia. E queria mais. E via, de um jeito que talvez só ela visse, que realmente havia mais.

Ela

Era alta, branca, sardenta. O cabelo, de um castanho indefinido. E os olhos profundos, de uma cor misturada, que tinha mais a ver com o vento e a água e coisas assim, cujas cores variam de acordo com a luz e a circunstância. Ela era de uma simplicidade complexa e inesperada, que o deixava completamente confuso.

Cheiro da manhã

Sentiu o cheiro do cravo e da canela quando esquentam. Lembrou do cheiro daquela manhã. E da pele dela. E pensou que alguns cheiros ele nunca mais sentiria como antes, mas eles estavam ali, já freqüentando outros ares.

Teimosia

E porque não há nada definido, me aflijo. E porque não há nada real, procuro um sinal. Mas não há sinais, não há histórias. Ainda não há. Mas a primeira linha, cheia de possibilidades, me deixa ansiosa. Eu, teimosa, penso antes da hora no que não tem que pensar.

Vontades incertas

Estava difícil entender para onde ia o roteiro. Havia 50% de chance para o sim e a outra metade para o não. Mas o número, leve, flutuava para 60 ou para 40 a cada minuto. E sua vontade, incerta, não conseguia saber se ia ou se ficava.

Lado errado

Ao contrário do otário, o avesso é o inverso das coisas. E o otário do prefácio é só desculpa para a rima fácil.

Tens me

Se você me tem no seu pensamento, então você me tem.

Aos pouquinhos

Sentir falta não faz mal. Mas ainda assim me mata um pouquinho.

Sim ou não

O que te move? O que te comove? Como pode que eu te desentenda tanto assim? Como pode você me dizer tanto não e eu sempre entender sim?

Uma foto sua

Outro dia estava vendo uma foto sua. Era um instante congelado de felicidade. Um instante que só existiu ali - aliás, como todos os instantes; mas esse, caprichosamente registrado e impresso em papel, como um recibo de sua existência, me fez lembrar do cheiro dos seus cabelos, da cor vermelha daquele tênis esquecido pra sempre embaixo da minha cama, do seu relógio grande demais para seu pulso pequeno e sempre atrasado cinco minutos, do quanto ríamos de tudo isso... - Um instante congelado de felicidade, perdido em minha memória, recuperado nesse dia em que vi uma foto sua.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Medo

Quando deu-se conta estava ali parado, já não sabia mais há quanto tempo. Estava ali, petrificado, estarrecido diante do que via. Talvez o coração tenha parado por alguns minutos. Ou até horas. Talvez seu coração não voltasse a bater jamais. Nunca tinha vivido algo que lhe provocasse tal sensação, essa de sentir todo o entorno movendo-se e ele ali, cristalizado. E agora que vivia, não sabia se poderia sentir alguma outra coisa além daquilo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Mais ar rarefeito

Suspirou profundamente como se o ar fosse faltar. Sentiu frio e tentou resistir, tentou não pensar. Mas sua natureza pensava. Maldita. Suspirou de novo como se o ar faltasse. Sentiu sono e foi dormir. A natureza pensava mas ainda sentia. E ainda fazia o que sentia, nem sempre o que pensava.

Ar rarefeito

Suspirou bem profundamente, como se o ar fosse faltar. Sentiu frio e tentou resistir, tentou não pensar. Mas sua natureza era uma porção meio bicho, que rosnava e mostrava os dentes pra porção civilizada, que tentava racionalizar as coisas, inclusive os pensamentos indesejados. Suspirou de novo, como que buscando paz. Ouviu o ar passando lento pelo nariz, saindo quente da boca. Ouviu o elevador e olhou o relógio. Lembrou que era hora de dormir e suspirou de novo, profundamente, como se o ar fosse faltar.

Falando com vocês

É estranho falar para vocês. Vocês no plural, eu na primeira pessoa. Me esforço para falar na terceira. Acho mais isenta. Mais abrangente. Mais os outros e menos eu. Mas quanto mais eu tento, menos consigo. E mais vejo que falando na primeira, falo mais, com mais gente. Com gente que também sente. Que também vê que não é fácil. E que há tanta coisa boa, tanta coisa fácil e gostosa e tranqüila. E há também tanta coisa errada. É estranho, mas ao mesmo tempo, é muito bom falar disso pra vocês.

Cansada

Estou cansada de ficar cansada das pessoas.

Esqueço

Esqueço tudo. Esqueço as horas. As datas, os nomes. Esqueço o que estava fazendo, o que estava dizendo, quanto estou devendo... Me esqueço de comer. Me esqueço de dormir. Me esqueço de te esquecer. E isso ocupa tanto lugar em mim que não há espaço para mais nada. Então me esqueço, mas a ti, por mais que eu tente, não esqueço.

Você em mim

Ainda é muito cedo para estarmos perdidos. Ainda há muito jogo para dar como certa a vitória ou a derrota. Ainda há muita fome para que a gente se sinta saciado. Muita dúvida para trocar o certo pelo duvidoso ou vice-versa. Muita estrada para já não abastecermos mais antes de seguir. Ainda sou muito sua para seguir outro curso. Ainda sou muito eu mesma para te deixar seguir sem tentar você em mim.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cachorro inquieto

Meu cachorro está inquieto. E eu estou quieto. Aqui, tentando ficar sossegado, tentando lidar com esse movimento indesejado, acelerado, movimento calado que não me diz nada. Meu cachorro percebe. Me olha como se eu me mexesse. Eu não me mexo. Mas ao mesmo tempo, não páro. Meu cachorro, esperto, me vê quieto e não acredita. Me olha incrédulo, quase que zombando de minha inquietação que se disfarça de preguiça. Vou passear com ele, assim ele cansa e depois me deixa quieto com minhas inquietações.

Tarde

Cedo ou tarde vamos nos dar conta de que era tudo uma grande bobagem. Cedo ou tarde a gente acaba acordando e vendo que não era exatamente um sonho, mas também não era exatamente real. Cedo ou tarde vamos perceber que era uma sorte estar ali e de repente não temos mais essa sorte. Porque cedo ou tarde as coisas sempre acabam e se a explicação que se dá não é suficiente, cedo ou tarde ela serve, porque é tudo o que temos.

domingo, 20 de junho de 2010

Indiferença

Que diferença faz se vão ou se ficam? Se estão ou deixaram de estar? Faria diferença se ela dissesse algo? Seria diferente se ele tivesse segurado sua mão? A diferença, no caso deles, estava mais para operação matemática. Um queria mais, o outro menos. E acabavam assim por anular a conta toda.

Descontrole

Ele lhe deu um livro para ouvir de novo sua risada escancarada. Disse que ela lhe parecia tristinha. Achava que faltava algo. Ele tinha razão, claro. Ela não disse nada. Viu o livro e lembrou de outro. Sorriu ao agradecer. Quis rir mais, mas não pôde. Estava difícil mesmo rir daquele jeito escancarado que ele gostava e ela não controlava. A verdade é que não controlavam mais nada.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mais ou menos

Você me deixou ir. Me beijou, porque deixei, depois me deixou ir. Não quis ficar. Não pôde, talvez. Não sei mais. Não sei mais se há acento nesse pôde. As regras mudaram. Na gramática, na minha vida, que de repente ficou sem regras. E eu fui. Ainda tenho problemas com a gramática, métrica, números, partidas na hora certa. A exatidão nunca foi uma matéria exata pra mim. Mas eu encontro beleza assim mesmo. Há beleza e ela basta. Será que é preciso mais quando não se quer nem mais nem menos?

é sábado em hong kong

aqui é sábado. aí também - ou quase, considerando q é sábado. - eu estava vendo alguma coisa q me lembrou vc. não me lembro o q era, mas me lembrou vc. acho q basta para mandar um oi, né? oi!
beijo. e saudade.

figurinha premiada

estava vendo agora suas fotos com o garotinho e o álbum.
fiquei pensando. sabe qdo vc não sabe o q a pessoa tem? mas sabe q ela tem? pois é. vc tem.

Atenção

Você diz que preciso prestar mais atenção. Diz que não ligo pra nada, que não mereço seu excesso de afeto e dedicação. Diz que me falta educação. Você diz que não me esforço, que não sirvo, que não presto. Diz que não há seriedade em mim. Diz que não acredito em nada, que sou ateu para tudo. Você diz tanta coisa... e tudo o que posso te dizer é perdão - não faço a menor ideia do que você está falando.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Perdido

Não se apegue. Estou perdido, meio sem direção. Há uma coisa boa nisso, eu acho. Perdido, encontro coisas que não procurava, passagens diferentes que eu não conhecia. Encontro fatos que antes não buscava e de repente eles invadem minha vida, fazem o que querem. Depois me abandonam... Por isso não me apego.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Num instante

Houve um instante que eu achei ser infinito. Foi de uma beleza tal que pensei não ser real. Percebi cada segundo passando por mim como um vendaval, me arrancando pedaços, me tirando do chão, bagunçando as folhas, as coisas, os minutos todos caindo do relógio, frutas maduras desperdiçadas, caindo do pé sem que ninguém provar direito o sabor doce de fruta no tempo. Houve esse instante e ele passou. E ao mesmo tempo ficou aqui para sempre.

Cansei

Se eu dormir, me acorde. Me diga que sonho, mas me deixe sonhar. Não me deixe dormir, não me faça esperar. Não espere que eu queira se não pode me dar. Eu espero mais. Te permito atrasar. Só não deixe de vir. Me canso. Mas quero seus braços para descansar.

Hit me

É sempre assim, pensou. Estava toda vida preocupada e, no minuto em que baixava a guarda, tudo acontecia. Quando estava quase desistindo, um encontro por acaso, um recado inesperado, uma vento sul que entrava ruidoso... Era sempre assim - as coisas acontecendo independente de sua vontade, a despeito de sua conivência, pendente de sua aprovação. Quer queira, quer não, já não sabia mais se as cartas lhe serviam, mas estavam na mesa e estava cansada demais para correr - a solução era jogar.

Sinal ocupado

Tentei ligar, mas não me atendeste, como de outras vezes. Me deixas na dúvida - não estás disponível, não queres me ouvir ou só não me queres? Tentei ligar e a ausência de resposta do teu telefone me lembrou tua ausência em minha vida. Talvez não seja coincidência o sinal mudo do outro lado da linha. Tentei ligar e, sinceramente, começo a não ligar mais para o que dizem teus sinais, difíceis demais de ler. Se me ligares de volta, explico melhor. Por ora desisto. Mas não podes dizer que desisti sem tentar ligar.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Tarde infinita

É tarde. Demorei demais e ela partiu. Nunca fui bom com o timming. Nunca contei bem piadas. É tarde e agora ela já foi. E as piadas que eu nunca aprendi a contar agora me fazem falta porque nada mais tem graça sem ela por aqui. É tarde mas, com sua ausência, parece cedo. O tempo parece amplo. O quarto parece amplo. A cama parece ampla. É tarde e a amplitude do momento de sua partida não tem fim.

outro dia devagar

devagar. é outro dia e eu a divagar. porque não posso mais. me adianto, mas não adianta - é outro passo, outro laço. e aquele abraço ficou preso no tempo. como numa janela, um frame, um segundo esquecido. um instante preso em teus braços. eu, enroscada em tuas pernas, perdida, achada em você. devagar. porque quero que passe lentamente. e nada do que quero tem importância. há distância e essa é a verdade. devagar. e aí já é outro dia.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Quebra-cabeças

Mas quando você me fala dessas coisas, quando ouvimos Ramones muito alto e bebemos Jim Beam a noite toda e nos beijamos sem lembrar do fim do beijo, sem pensar no depois, sem querer depois, sem querer mais nada... Quando você me fala assim, eu me lembro. Eu era só uma menina. Assustada, irritada, que sabia tudo, que queria tudo, que pulsava incontrolavelmente. E brigava apaixonadamente. E tinha certeza de tudo. Tinha um futuro lindo, visível, previsível, seguro e estável.
Mas quando você me fala dessas coisas, tudo o que eu enxergo é aquela menina pequena e distante, muito adulta e triste - mesmo que ninguém, nem ela mesma, soubesse disso. Algumas pessoas, a maioria talvez, são crianças, jovens e adultos - nesta ordem. Outras nascem mais velhas, como eu, e vão ficando criança depois. Tornam-se esposa antes de serem punk. Bebem vinhozinho branco antes de virarem garrafas de Jim Beam a noite toda. Dançam com os velhinhos nas festas de casamento antes de se atirarem em pistas de dança escuras, lascivas, misturadas, suadas, lugares cheios de códigos e nenhuma regra, onde a única coisa importante é soltar todos os bichos, ser feliz, ter prazer como se não houvesse amanhã.
Então quando você me diz essas coisas, eu penso por um segundo que não estou perdida. Sinto que não estou sozinha. Não sou peixe fora d'água. Que, na verdade, sou outro bicho. Não sou mamífero, não quero peito. Não sou caça nem caçador. Mas faço ninho. Emigro como os patos no inverno. Me arrasto loucamente por aí como os polvos. E kamikaze como eles, mato e morro todos os dias. E resisto. Luto dias inteiros. Depois hiberno dias inteiros. Mudo de cor com a pouca luz da noite. E meu sangue é quente.
Mas quando você me fala dessas coisas, quando ouvimos Ramones muito alto e bebemos Jim Beam a noite toda e nos beijamos sem lembrar do fim do beijo, sem pensar no depois, sem querer depois, sem querer mais nada, talvez você não saiba: estou inteira aqui. Estou aos pedaços, mas meus pedaços são todos tão meus quanto seus. Se há um momento onde estou inteira, é quando estou com você. Se há uma chance de haver verdade para mim, ainda que cometendo todos os desvarios e enganos e infantilidades que cometo hoje sem nenhum controle - ainda que eu me esforce tanto para controlar - essa chance só existe se você dividi-la comigo.
Sei ser uma pessoa só. Mas assim não sou inteira. E o pedaço que me falta é o seu. Não me queira demais, não me queira o tempo todo, não me queira só pra você. Apenas queira. Me deixe ir, mas me queira de volta. Volte. Insista. Me ajude a juntar os pedaços.

Monólogo eletrônico

[23:15:20] Ed joins:
status: busy nick: ALIVE
[23:15:21] Lucy says:
alive? mesmo?
[23:19:20] Ed joins conversation
[23:19:20] Ed says:
lucy in the sky!
[23:19:25] Ed says:
que saudade
[23:19:33] Ed says:
como esta ??
[23:19:33] Lucy says:
ahhhh
[23:19:38] Lucy says:
saudade nada. vc q sumiu
[23:19:49] Lucy says:
eu estou bem
[23:19:51] Lucy says:
e vc?
[23:20:23] Lucy says:
e vc? e vc? e vc?
[23:22:12] Lucy says:
ihhh, já foi. bom, pelo menos falou q tem saudade.
[23:22:55] Ed says:
hahaha Luluzinha, pera ai um minuuuto
[23:23:10] Lucy says:
:-|
[23:23:25] Lucy says:
:-P
[23:23:36] Lucy says:
meu, to muito inquieta hj
[23:23:43] Lucy says:
vou ficar aqui infernizando
[23:23:48] Lucy says:
fazendo barulhinho
[23:23:57] Lucy says:
mandando emoticon idiota
[23:24:04] Lucy says:
<:o br=""> [23:24:08] Lucy says:
até vc voltar
[23:24:16] Lucy says:
e se vc demorar pra voltar
[23:24:24] Lucy says:
vai querer ler tudo o q eu escrevi
[23:24:29] Lucy says:
e não vai dar conta
[23:24:36] Lucy says:
e vai ficar me xingando
[23:24:37] Lucy says:
hahaha
[23:24:48] Lucy says:
vai achar q amaluquei de vez
[23:24:54] Lucy says:
não q vc esteja assim
[23:24:59] Lucy says:
muito errado
[23:25:05] Lucy says:
ahhh
[23:25:07] Lucy says:
cansei
[23:25:11] Lucy says:
qdo voltar me chama
[23:25:20] Lucy says:
e nem tente ler o q escrevi antes
[23:55:10] Ed leaves conversation

quarta-feira, 9 de junho de 2010

De passagem

Depois de tanto esforço, nada e morre na praia. Sobe, desce, enlouquece. Esquece o que queria. Já não satisfazia. Vai pra próxima como quem tira férias. Fere e nem se dá conta. Parte e nem se arrepende. Já não se importa. Ninguém chora por flores mortas.

Paredes brancas

PAREDES BRANCAS – Olha e tudo o que vê é nada. O branco das paredes lhe agride. Os espaços da sala quase vazia. O sol abusivo entrando pela janela descortinada, invadindo o chão, trazendo um calor impróprio. Um calor cheio de frio. Frio da sala vazia, das paredes brancas e cansadas dentro dele.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Cartão postal

Te escrevo rápido, sem muita atenção, só pra dizer que te escrevo. Para poder dizer depois que sempre escrevo. E você, desatenção em pessoa, nunca tem tempo de me escrever. Não vês? Não quero tuas palavras. Não importa muito o que dizes. O que importa é você vir no formato de letrinhas. Assim você vem rápido. Do outro jeito demora muito!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Me perco

Vou resumir, tá? Você me dá tantas voltas, me faz sentir brinquedo velho, antiquado, pião, ioiô. Aquela vaquinha que desmonta quando você aperta o botão. Gato, sapato, títere. Criança que se enrola toda no meio da história e esquece do que estava falando.

Simples

Ah, desculpe, não tem jeito. Eu sou teimoso, meu humor é duvidoso, meu pé é chato e eu ouço muito Bruce Springsteen. Eu me esforço, mas é assim que me sai. É bem simples, na verdade. Uma rima fácil com métrica difícil.

Sobras

E quando não sobra nada? Quando não há uma fresta, um fiapo, um grão de areia que não seja maior do que o que restou? E quando não há luz. E quando não há lua. Quando não há mar. Quando não há ar. Quando falta. Quando já não há mais limite entre a loucura que fere e a sanidade ferida. Quando as chances não acabam, mas a vitória nunca é sua. Quando nada é seu. Quando não sobra nada.

Game over

E tudo acabou assim, abruptamente, como acaba uma volta de montanha russa. Acabou e voltamos a respirar. Ainda sem saber direito se foi bom, se queremos mais ou se não queremos mais nada além de sair correndo dali. Acabou como algumas coisas acabam mesmo, sem muita explicação. É uma confusão. E é só isso.

sábado, 5 de junho de 2010

Para Moisés

PARA MOISÉS - Sabia q fui eu quem escolhi seu nome? Sugeri esse pq havia um menino chamado assim q me encantava na escola - já naquela época, veja vc. Pai e mãe aceitaram a sugestão e adoraram a coincidência dos 3 Ms. 
Fizemos tantas coisas antes de nos tornarmos amigos, né? Antes de dividirmos segredos, gostos, amigos... É fácil nascer irmão, mas fazer-se presente, querido, importante - isso tudo não tem nada a ver com ser irmão. Isso se cria, se cultiva. E cá estamos hoje, 30 anos depois, cultivando nossa amizade, aprendendo um sobre o outro, estranhando essas pessoas q nos tornamos.
Custei a tornar-me tua Moninha e ainda me assusto ao olhar-te e ver esse homem generoso, engraçado, mais forte e apaixonante do q eu podia imaginar qdo apavorava aquele menino magrinho, preocupado com a cabeça q podia voar com o vento. Hoje é a minha cabeça q voa, veja você!
Fico ainda surpresa com todo esse amor q há em nossas vidas. Mas não me surpreende amar-te tanto. Esse amor sim, nasceu com teu nome. E como você, só fez crescer. 

quinta-feira, 3 de junho de 2010

No escuro

Ele acendeu a luz para vê-la melhor. Estavam no escuro já fazia tempo. Era preciso que se vissem agora, às claras, sem disfarces, sem nuances, sem romance. Que se vissem com verdade, que questionassem a verdade entre eles – que descobrissem afinal, se no fundo não estavam apenas vivendo uma mentira. Ele acendeu a luz como quem acende um cigarro depois do café, esperando que as coisas se completassem. Mas viu que, na verdade, não há mais nada inteiro. Apagou o cigarro e começou a juntar os pedaços.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Depois

Eu me pergunto se você tem idéia. Será que imagina quantas vezes eu já me despedi. Percebeu quantas vezes eu tentei ir embora? Esquecer? Me distrair. Fingir que nada mais acontece. Que você não existe, que nunca aconteceu. Que foi só um momento, desses, como tantos, sem nenhuma importância, sem nada. Poderia ser assim, na verdade. Seria tão melhor. Sim, porque se não por todos os meus esforços vãos, pelo menos pelas tantas cartas que eu escrevi e não mandei, pelos beijos que eu desperdicei com nada que valesse a pena, pelas coisas que eu tentei pensar, rimar, deixar melhores. Mas não consigo. Não sou melhor. Fracasso. Não mantenho a palavra. Suplanto a convicção. Perco a fé, o chão a respiração, a razão... perco tudo no minuto em que te vejo. Perco o jogo mais uma vez. Aposto todas as fichas e meu jogo imbatível é humilhado, massacrado, desmantelado com seu jeito calmo, feliz, faceiro, facinho por estar ali, ao lado dela, entre eles, que não são como você. E você, como eu, tentando se encaixar. Você, como eu, sentindo-se perdido. Você, como eu, enganado. Não vê nada. E não adianta... não vê e continua procurando. Não consegue mais ir, não consegue mais chorar. Não tem forças pra seguir, nem vontade de voltar. Você, como eu, precisa aprender a esperar. Espero, pois. Espero paciente porque depois... depois pode ser. Depois sempre pode ser.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Questão de pele

Essas roupas não lhe servem mais. Esses argumentos não lhe servem mais. As convicções estão frouxas, os sentidos moles, as respostas lentas. Está trocando de pele. É lindo, mas dói.