terça-feira, 4 de agosto de 2009

Segunda

Hoje acordei desanimado. Não quero falar com ninguém. Não quero ninguém falando comigo. O mundo está feio e quero que ele se exploda. Não quero trabalhar. Que o trabalho se foda. Vou ligar praquele mala e dizer que hoje não vou. Aliás, vou ligar nada. Amanhã eu invento qualquer coisa. Isso, se eu for amanhã.

Vamos ver como esse dia passa. Eu vou é ficar por aqui. Não quero sair dessa cama. Não quero nada com nada. O que tem lá fora? O que esse mundo cão pode me oferecer? Eu estou de saco cheio. Não tem nada pra me animar. Não amo ninguém, ninguém me ama. Não tenho vontade de amar. De que me serve isso? As pessoas são só pessoas. Mesquinhas, fracas, egoístas. Ninguém abre o coração. Ninguém dá a cara pra bater. Porque eu então?

Tô cheio disso. Não quero mais. Fico procurando dentro de mim um motivo pelo menos. Um motivo só. Essa cama me parece tão grande. Esse mundo me parece tão grande. E eu me sinto tão pequeno.

Vou ficar por aqui. Pelo menos debaixo desse cobertor, ninguém vai me encher o saco. Ninguém vai ficar me cobrando, me fazendo pressão. Ninguém vai ficar me dando ordens. Ninguém vai vir me dizer o que eu não quero ouvir. Ninguém vai mais me desapontar.

Se eu ficar aqui, bem quieto, é capaz de ter alguma paz. Se eu não falar com ninguém, quem pode me responder mal? Se ficar bem quieto, ninguém vai notar. E de repente esse aperto no meu peito passa.

E se nada disso adiantar, vou cortar os pulsos. Vão todos chorar e perguntar porque será que eu fiz aquilo. Bando de imbecis hipócritas. Mas se essa for a solução, é isso que vou fazer.

Que horas são? Merda. Dez pras oito. Se eu chegar atrasado de novo o mala vai me matar.